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Japão e China à beira do abismo

Em Nova Iorque se noticiava que a China ultrapassou o Japão na compra de armamentos dos norte americanos. As compras chinesas incluíram centenas de aviões entre as quais 293 destinados a usos militares. O Japão, por sua vez teria também comprado pelo menos 100 aparelhos de uso militar.

O embaixador do Japão reclama a volta do Norte da China ao 'statu quo anterior-bellum', onde se manteriam as conquistas japonesas.

Mas o embaixador se limitou a declarar que: "A situação é grave e delicada e parece que teremos uma crise perigosa. Tenciono aplicar todos os meios diplomáticos para chegar a uma solução satisfatória".

Chang-Kai-Chek se encontra reunido com lideres militares, mesmo os rivais. Nada foi declarado da parte do governo nacionalista.

O boicote aos produtos japoneses, às casas comerciais japoneses na China levam milhares de residentes na China a voltarem para o Japão.

Nankin será abandonada pelos civis japoneses que deverão se instalar em Changai. Hankeu também terá seus cidadãos japoneses evacuados.

O senhor Chi-Hieh-Yuan, que faz parte do Conselho dos Cinco da Segurança Pública de Pekin declarou que é necessário a China do Norte se afastar Chang-Kai-Chek.

A vida econômica no Japão também não está fácil. As despesas originadas da envio e manutenção recursos para os militares ao Norte da China, provocam escassez de produtos, moeda e inflação.

Os efetivos japoneses na China do Norte somam 30 mil, enquanto os chineses somam 300 mil.

O 'Correio da Manhã' de 8 de agosto traz a notícia de que os chineses teriam tido 30 mil mortos contra pouco mais de 360 soldados japoneses mortos.

Tropas chinesas, mesmo as vermelhas, se movimentam com intensidade e sua alocação se conta às dezenas de milhares de homens de cada vez.


Fonte: O Estado de S.Paulo, 08 de agosto de 1937 – domingo.

Embaixador Kawagoe a caminho de Nankin

Informa-se que o embaixador do Japão se encontra a caminho de Nankin para um encontro com Chang-Kai-Chek.

Adianta-se que o acordo para a negociação da paz por parte dos japoneses estão assinalados da seguinte forma. 
1º- O governo de Nankin tolera tacitamente a formação de um governo autônomo em Hoppel Chahar. 2º- O Japão renuncia exigir o reconhecimento formal da autonomia por parte do governo de Nankin. 3º- Desmilitarização de Hoppel Chahar, com a retirada de tropas chinesas. 4º- Retirada gradual e espontânea das tropas japonesas da China do Norte com destino a Manchu-kuo, manifestando a não intenção do Japão de ferir a integridade da China.

Kawagoe preparará posteriormente a elaboração de um pacto anticomunista com a China, isso desde que a China garanta a renúncia ao desejo de recuperar os territórios perdidos ao Japão com o apoio da Rússia.

Na prática isso significaria que a China aceitaria a ingerência japonesa na sua política de relações exterior e interior.

Acredita-se ser tarde para evitar as lutas entre o governo central chinês e o Japão.

Fonte: O Estado de S.Paulo, 6 de agosto de 1937 – sexta-feira.

Chineses se unem contra o Japão

Se os japoneses esperavam aceitação do Governo de Chang-Kai-Chek pelos acordos locais, circunscrevendo o incidente às regiões já ocupadas e comprometidas na China do Norte, a opinião dos observadores é que as operações vão se estender a Tsing-Tau, que sofre um processo de evacuação da população civil.

O governador de Chantung, o general Hanfuchu que sempre foi simpático aos nipônicos, segundo fontes locais, estaria pronto a se unir ao governo central para marchar contra as forças do Japão, se estas atentassem contra a independência da China.

A aviação japonesa bombardeou no dia 4 trens com tropas chinesas a 100 quilômetros a leste de Kaigan na estrada de ferro Kaigan-Pekin.

O cônsul japonês ordenou a retirada de civis japoneses para Hong Kong, enquanto chegam mais dois navios japoneses da Esquadra Japonesa a Changai, chegando a 9 os navios ancorados na região.

No dia de ontem foram pedidos 410 milhões de ienes adicionais às despesas com a chamada 'questão China', provocando aumento de impostos – 110 milhões – enquanto 300 milhões viriam de empréstimos. O orçamento nacional japonês de 3 bilhões de ienes, teve comprometido quase 3.4 milhões de ienes com a China.

Enquanto isso, o presidente do Conselho Político do governo central (de Chang-Kai-Chek), Wang-Ching-Wei, fez pelo rádio a seguinte declaração:

"Temos que ir à guerra. Se o vosso país pôde desencadear uma ofensiva na esperança de rápida vitória, a China, país fraco, deve procurar a salvação numa guerra de usura. É necessário que a China corte os apetites ilimitados do Japão. A China precisa reunir todas as suas forças, porque deve atender a uma luta até o total esgotamento dos dois adversários. Só se pode encarar a possibilidade de intervenção de uma terceira potência quando, depois de os reveses militares inevitáveis, a China tenha conseguido esgotar o Japão, financeira e militarmente. Nessa guerra defensiva a China só deve contar consigo mesma. As outras potências, preocupadas em defender seus interesses, hesitariam em entrar na (luta) unicamente para socorrer a um país atacado".


Fonte: O Estado de S.Paulo, 4 de agosto de 1937 – quinta-feira.

A invasão de Nankin

Corre a notícia de que a Itália permitiu a passagem de tropas japonesas pela sua concessão em Nankin enquanto os cidadãos chineses eram proibidos de passar pelo mesmo local, mesmo os que queriam fugir da guerra.

Enquanto isso, noticia-se que em Tung-Cheu pelo menos 123 japoneses – civis – foram encontrados mortos enquanto um continua desaparecido, até o dia de ontem.

No mesmo dia 2, aviões japoneses bombardearam trens provenientes de Saigon e Nankin que vinham com reforços chineses.

Já as baixas militares japonesas apresentam 18 mortos e 9 feridos no dia de ontem, enquanto no total, divulgados no último dia 2, desde 7 de julho, somaram 1.167 soldados, dos quais 333 mortos e 837 feridos. 

O jornal Estado não trouxe notícias sobre as baixas chinesas.

Conhecido por sua posição oposicionista ao Governo Central de Chang-Kai-Chek, o general Paichunghsi reuniu-se a Chang em total apoio a seus compatriotas no combate aos japoneses.

Enquanto isso, os gastos militares japoneses na China já subiram 600 milhões de ienes.

Fonte: O Estado de S.Paulo, 4 de agosto de 1937 – quarta-feira.

Cerca de 50 civis japoneses desaparecidos na China

Há pelo menos 50 desaparecidos entre cidadãos japoneses, enquanto as tropas do Japão começam a ocupar a região de Tien Tsin, região alemã da China.

Vários cidadãos europeus começam a deixar a região. 

Enquanto isso, mais de 130 caminhões de transporte de tropas japonesas chegam à localidade, enquanto cinco navios de guerra chegam à localicinco de Yant Tsé Kang.

O 29o. Exército chinês se encontra em movimentação contra as tropas japonesas.

E enquanto se sucedem os embates entre os Exércitos japoneses e chineses, Chang Kai Chek se encontrou demoradamente com o general Chung, um dos líderes da revolta do Sul da China, o que pode ser indicativo de que se forme uma frente única chinesa contra as tropas japonesas. Chung é conhecido como partidário a ações mais enérgicas contra à agressão japonesa.

No último dia 26 de junho, numerosas tropas chinesas iniciaram combate contra o Exército japonês, surpreendendo os japoneses em Tien Tsin, causando surpresa ao estado-maior japonês. Entretanto, frente à hesitação dos chineses, os japoneses responderam com energia, infundindo terror aos chineses.

No dia 27 de junho, Tung Chou  -  onde os policiais chineses se rebelaram contra a ocupação japonesa  -  foi completada.

4 policiais japoneses morreram em Tung Chou nos conflitos com a polícia chinesa.

Entre os dias 1-2, 20 divisões chinesas se dirigiram a Tien Tsin, causando alerta aos japoneses.

A aviação japonesa causa sérios danos às tropas terrestres adversárias enquanto a artilharia bombardeou a região portuária de Tien Tsin.

No dia 2, o ministro da Guerra japonês promoveu 2.500 oficiais e 11 generais, enquanto se agravam as condições na China. Higashikuni, príncipe da casa imperial, foi promovido a comandante-chefe da aviação, entre outras movimentações importantes.

Incidentes entre militares japoneses e franceses em Tien Tsin são relatados.

No Japão, ocorre aumento da carga tributária e emissão de bônus de guerra para fazer frente às despesas extras dos militares na China. O crédito suplementar de 300 milhões já foi pedido, sendo que entre 50-100 milhões de ienes se originarão dos bônus.

Enquanto isso, aumentou-se o IR em 5-15 por cento e um aumento das taxas sobre artigos de luxo como equipamentos fotográficos, filmes, vitrolas e discos.

160 mil reservistas japoneses são mobilizados, enquanto consulados japoneses são evacuados assim como inúmeros civis.

Alguns produtos são colocados sob fiscalização para evitar especulação, face à situação chinesa, que o governo classificou como grave. Assim, produtos alimentícios, metais, tecidos (inclusive seda chinesa e algodão), adubos e madeira são colocados sob monitoramento. 

A bolsa de Tóquio fechou em baixa nesses dias, enquanto 2 mil mortes de tropas chinesas são noticiadas em 28 de julho, na batalha de Nan Yuan.

Fonte: O Estado de S.Paulo, 3 de agosto de 1937 - terça-feira.

Bombardeios da aviação japonesa matam 700 na China

De acordo com fontes em Shangai, no dia 31 último aviões japoneses bombardearam Pao-Ting-Fu, em virtude de os japoneses terem verificado concentrações de tropas chinesas na cidade. O acordo de Humetzu foi violado. Mais de 700 civis morreram nesse ato.

Cresce o sentimento de revolta em Tung-Chow contra japoneses.

O governo japonês pretende pedir ao Parlamento (Dieta) um orçamento suplementar de 300 milhões de ienes destinados a financiar as despesas das operações militares ao norte da China, ao que o Ministro das Finanças declarou:

"O governo levará o programa financeiro até o limite extremo da capacidade econômica do país.
Seremos sem dúvida forçados a organizar um segundo orçamento suplementar, cujo montante será superior ao primeiro. Cobriremos as despesas atuais com empréstimos, mas stamos estudando novos meios de cobertura para as novas necessidades".

O ministro de transportes do Japão anunciou que o comércio de cabotagem está suspenso para os navios estrangeiros na jurisdição japonesa. A medida visa mobilização de recursos para transportes urgentes ao norte da China.

No dia seguinte, Cordel Hull receberia a visita do embaixador da China para expor a situação do conflito sino-japonês, expondo que a resistência chinesa era necessária mesmo que levasse a um estado de guerra entre as duas nações. O temor do governo do marechal Chiang-Kai-Chek é que isso cause uma expansão indesejada e desenfreada do Japão na região.

Fonte: O Estado de S.Paulo, 01 de agosto de 1937 - domingo.




Japão recusa acordo de limitação das armas

Existia uma grande preocupação acerca do crescente aumento do poderio nipônico na China e no Extremo Oriente, o que contrariava os interesses norte-americanos na região. Os americanos consideravam que a limitação do calibre dos canhões dos encouraçados japoneses em 14 polegadas manteria o Império sob controle.

A este respeito, há uma nota significativa no jornal O Estado de S.Paulo a respeito disso, datado de 18 de julho de 1937.

"O Japão se recusa a limitar o calibre de artilharia naval a 14 polegadas. O senhor Hirota, ministro dos Negócios Estrangeiros (entregou) ao embaixador dos EUA a resposta do governo japones, em que este rejeita a resposta de limitação de Washington. O documento acentua que a atitude japonesa a respeito do desarmamento não é suscetível de modificação."

Fonte: O Estado de S.Paulo 19 de julho de 1936  -  sábado.

Peças de artilharia de 14 polegadas significam 355,6 milímetros.

Nota: Os couraçados da classe Yamato tinham entre outros armamentos 9 canhões de 460 milímetros (18 polegadas). Os projetos definitivos ficariam prontos em março de 1937.

Fonte:  Garzke e Dulin, pp. 49–50 segundo http://pt.wikipedia.org/wiki/Classe_Yamato

263 metros de comprimento.
39 metros de boca.
10.4 metros de calado

velocidade 50 km/h

Tripulação 2767 homens

Peso 73 mil toneladas (71.1 vazio)